sexta-feira, julho 01, 2011

terça-feira, maio 10, 2011

A IMPORTÂNCIA DE SABER QUANTO CUSTA PARA SE PRODUZIR EM ARTE



Sobre o levantamento de custos da produção de arte, é essencial pois, independente da polêmica que sempre se levanta quanto às tabelas, é preciso "educar" tanto os profissionais quanto os clientes sobre os valores realistas.

Uma amiga minha desabafou outro dia, ela está tendo um tempo difícil com um cliente que acha que "é facinho" fazer alterações sucessivas nas 25 camadas das inúmeras imagens criadas para ilustrar um livro-imagem. Ele não compreende o processo cumprido até a finalização dos traços, das cores, da composição equilibrada... e que a cada pequena alteração num ponto, é preciso modificar toda a imagem, e que isso leva horas e horas, que viram dias,  a cada "mexidinha".

Ela perguntou aos amigos porque o cliente acha normal pagar pelas imagens menos do que uma prostituta recebe por programa.

A resposta veio rápida e precisa: 

Porque as prostitutas são organizadas e TEM TABELA!


Já temos o Guia do Ilustrador e a ABIPRO, nossa associação de ilustradores profissionais. Com essa noção realista de custos, avançaremos mais um passo pra nossa maior profissionalização.


Mais uma a favor da pesquisa de valores:

No Facebook, um amigo leigo em assuntos de direitos autorais, veio com a velhíssima ladainha de que "a arte não tem preço" e que o artista não deveria se preocupar com coisas mundanas como dinheiro.

Bem... o artista precisa comer e pagar contas como todo mundo, logo, ele É MUNDANO. E vou colocar uma pedra sobre esse tipo de argumento surreal de uma vez por todas com o seguinte:

Nossa produção tem DOIS lados. 

Um é o artístico, pessoal e criativo. Deste, só nós podemos avaliar e cuidar. 
Isso é "divino".

O outro é o COMERCIAL. Que é vinculado ao mercado e ao USO que é feito de nossas criações. A partir do momento que alguém pega algo que foi gerado através de nosso trabalho e talento e passa a GANHAR com isso, é nosso DIREITO LEGAL participar deste ganho de alguma maneira. 
Isso é mundano.

Todas as ilustrações seguem esse esquema. Algumas são mais pessoais (seus personagens de tira de humor) , outras menos (um mordomo em um rótulo de papel higiênico). Mas, mesmo as mais pessoais,  em determinado momento podem ser exploradas pelo mercado, e então é seu DIREITO LEGAL participar deste lucro.

E chega desta gente achar bonitinho artista morrendo de fome "em nome da arte" enquanto o mundo roda e faz dinheiro usando nossos "dons divinos"!

PS. Comparem as biografias de Van Gogh com Salvador Dali.
PS2. Cuidado com a pretensas "Tabelas" que se proclamam a solução para a precificação do uso de suas artes. Não existe tabelamento de trabalho autoral. E cada trabalho novo será negociado de acordo com os parâmetros do mesmo. No máximo, pode-se montar uma tabela pessoal, com valores de referência, bem embasados em sua prática profissional e nas expectativas de seu mercado.

Boa sorte e juízo!

sexta-feira, abril 22, 2011

Brasil tem A MELHOR lei dos Direitos Autorais

O Estadão entrou no front contra os autores, repassa um noticioso que coloca o Brasil dentre as 4 piores LDAs, justificando para tal a freiada inteligente que a Ministra Ana Hollanda deu no processo de reformulação.

Meu coment no Estadão:

Paraguay com certeza é o "melhor" pois os critérios aqui estão bem duvidosos. A Lei dos USA, por exemplo, é totalmente massacrante para os autores e tampouco favorece os usuários. A nosso lei, por exemplo, tem um dispositivo que não existe nas outras, chamado DIREITO DE SEQUENCIA. Então quando o quadro de um pintor e comprado por míseros 10 reais, para depois se revendido na base da especulação por 100.000, o revendedor é OBRIGADO a repassar para o AUTOR (o pintor neste caso) no mínimo 2% do seu lucro especulativo. Isso NÃO ACONTECE nas tais "melhores leis". As ditas "piores" são apenas aquelas em que se obriga a que se repasse para o AUTOR parte do LUCRO obtido com a comercialização da ARTE DELE. Ou seja, o critério aqui é: QUANTO MAIS JUSTA "PIOR"!!! A Lei brasileira sequer é uma lei "selvagem" como a do copyrigth que permite que se retire dos autores TODO E QUALQUER mérito pela sua criação!!! Oh, ESTADÃO!!!! Repassa a notícia sem sequer investigar os reais interesses aí por trás? E os leitores com comentários aqui contra a MInistra, sabiam que ela está recebendo o apoio GERAL DE TODAS AS ASSOCIAÇÕES DE AUTORES? Vocês deveriam começar desconfiar que se a reforma está desagradando justamente a quem cria... não pode dar em boa coisa! É uma questão de lógica elementar.

terça-feira, abril 12, 2011

segunda-feira, abril 11, 2011

Cuidados ao ilustrar livro sobre pedofilia

Siga aqui, ou no link do título, minha entrevista sobre meu trabalho no livro Segredo Segredíssimo, com a escritora Odívia Barros. No pod-cast da Livraria da Folha.

http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/900105-ilustradora-relata-cuidados-ao-fazer-livro-sobre-pedofilia.shtml

Convido você pra conhecer...

sexta-feira, abril 01, 2011

Clayton Melo ataca autores no site do Ministério das Relações Exteriores.

Sr. Clayton Melo, Deixe-me colocar aqui a observação de uma autora que sustenta sua família unicamente com base nos meus ganhos com direitos autorais pelo uso da obras que eu crio. Não há o menor sentido no que colocou. As novas tecnologias trouxeram a oportunidade não só de nos divulgarmos e lucrar diretamente com nossa arte, como foi responsável pela criação de uma grande rede de contatos que usamos pra orientar autores de todo o país em como elaborar bons contratos. Em minha área, as mudanças a favor do autor foram radicais, com reflexo imediatos na qualidade das relações com editores. Sabe quanto o autor ganha na capa de um livro? 10%, e se não pudermos contar com a proteção da lei..? Será 0%. Isso ocorre porque as livrarias ficam com 50% até 80% do valor! E sequer participam do risco. Quem mais arrisca é o editor, que investe capital e know-how, e se o livro não vende, engole o prejuízo. Com a pirataria na rede, vi livro de amiga minha ser "downloadeado" em mais de 5.000 exemplares, que é maior do que a tiragem usual de um livro. Resultado: o editor não quer mais re-editar! Pra que? Curioso é perceber que quem baixa os arquivos são professores. Garanto então que melhorar o salário deles iria democratizar a cultura com uma eficiência bem maior. O problema não é com a Lei dos DAs, que não é a mais draconiana do mundo, e só não teve sucesso (no passado) em proteger melhor o autor porque vivíamos o isolamento típico do criador e a ignorância de nossos próprios direitos! Foi apenas nos últimos anos que começamos a criar jurisprudência em conseguir anulação de contratos leoninos. E se a uns 10 anos atrás um escritor ou ilustrador que peitasse um contrato leonino ficava "queimado no mercado", hoje, inverteu-se a situação. Agora o difícil é achar uma editora que não procure elaborar contratos justos e atraentes! Tudo graças a um trabalho exaustivo de conscientização e união dos próprios autores. Três grandes associações só de autores, orientam gratuitamente os novatos, pra que iniciem seu relacionamento com o mercado. Ampliamos o contato direto com o público em ações voluntárias pela democratização da cultura. Isso já alterou até mesmo nossos critérios de qualidade, dando um verdadeiro empurrão em direção a uma produção de excelência na área! Cuidado ao jogar num mesmo saco, todos os tipos de arte. Cada campo há um processo diferente! No mercado do livro, o vilão é o custo de colocação de venda... algo que vai mudar! Porque agora qualquer autor e editor pode vender via site! Temos tudo pra melhorar isso aí. Imagine comprar um livro onde só se precise pagar os 10% do autor e os 20% do trabalho da editora? Todo livro cairia seu preço pra 1/3 do que é pago. Na verdade, cairia muito mais, porque ao invés de ter de recuperar o investimento em 3.000/5.000 exemplares, a gente estaria vendendo 10.000...50,000... e poderíamos amortizar o nosso custo autor em muitos, e muitos downloads! Isso tudo irá por água abaixo se cortarem nossos direitos! E NÃO VAI BARATEAR O ACESSO, por que o custo maior desse NÃO Ë REFERENTE AOS NOSSOS MÏSEROS PORCENTOS! E sim ao custo de uso da tecnologia! Não se iluda! Nada que vem pela Internet é gratuito, paga-se em algum ponto da corrente. E rompeu-se o elo mais fraco e justo o de menor participação, OS AUTORES! Pirataria é crime porque é injusto que sicrano e beltrano ganhe com a obra do autor sem sequer lhe repasser os tostões que cobririam o custo de criação. Não culpem os autores pelas insatisfações com aqueles que vieram lucrando com nosso trabalho. Mude-se o sistema para que os intermediários não prejudiquem nem público nem criador. Vocês estão indo no pescoço mais frágil... porque é mais fácil! As majors lidam com lucro, com capital. Se não puderem mais ganhar dinheiro explorando a arte, simplesmente irão investir em outro lugar... na tecnologia de rede por exemplo, onde continuarão a ganhar com o conteúdo dos artistas... mas agora sem pagar nada! Se quer combater o "inimigo" deve-se tentar pensar com a cabeça do inimigo... mas antes de tudo, saber indentificá-lo corretamente. Não somos nós os autores (em nosso direito autoral) a prejudicar ninguém! As principais associações de autores, em peso, estão do lado de Ana Hollanda. Porque não queremos que, mais uma vez, uma lei seja votada às pressas, sem pesar de forma correta as consequências. Todo autor que ver sua arte chegar ao povo. O estranho, é que se queria liberar o lucro de todos (provedores, anunciante, empresas de tecnologia...) usando nossa arte...mas ao custo da eliminação do provento de nossa categoria. Isso vai contra a lógica mais simples. Sem dinheiro, não poderei mais me dedicar a minha arte. E apenas com os ganhos sobre os direitos de uso de minha arte, os direitos autorais, posso criar livremente, sem a coleira dos interesses dos poderosos.

quarta-feira, março 30, 2011

"Graças a você, meu primeiro livro foi publicado!"-Leka


É comum pedirem orientação pra quem já está a algum tempo trabalhando como ilustrador. Quando eu também tinha dúvidas, pude contar com a ajuda de ilustradores mais experientes. O Ziraldo... acho que foi o primeiro com quem falei. Mais tarde o escritor Rogério Andrade Barbosa e a ilustradora Graça Lima (sobre direitos autorais). E quando tive problemas com contratos leoninos, o Montalvo Machado foi quem me orientou.

Então, é com satisfação que também ajudo os que estão iniciando no mundo dos livros ilustrados. Esse blog mesmo, é pra ajudar, e passar adiante as informações que um dia também me ajudaram.


Abaixo, reproduzo com permissão da Alexandra Fernandes (a ilustradora Leka!), uma mensagem que me deixou super feliz... Leiam!

"Thaiiiiiiiiiiiiisssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss,
Menina, como vai você??
Saudades virtuais!!
Tha, estou escrevendo pra te contar que saiu, foi publicado o primeiro livrinho que ilustrei para crianças.....e tudo graças a você, você quem me disse: Vá ver os editores cara-a- cara, olho-no-olho, lembra??
Muito obrigada "madrinha de papel", muitos abraços cheio de energia boa pra vc.
Fique com Deus,
Desta feliz, feliz desenhista."

Ela mandou também:

"E está pronto, saido do forno, o primeiro ilustrado para crianças!!!

Penso que auto-congratulação seja detestável, mas encaro este post como um compartilhamento de felicidade e não uma exaltação pessoal, creia-me. Estou muito feliz porque esta é a realização de um sonho: ilustrar para crianças e jovens; Este é o primeiro livro de literatura que tem minhas ilustrações e 3.000 crianças das escolas do Brasil vão segurá-lo, devorá-lo e voar nas idéias comigo. O texto é lindo, da mineira Erica Pontes e, para acompanhar a delicadeza do texto a pintura é aquarelada. O Amir, da Cortez já mora no meu coração pela oportunidade e carinho. Espero que os leitores gostem tanto quanto eu."

Conheça mais trabalhos de Leka em:
http://lekailustradora.blogspot.com/

segunda-feira, março 28, 2011

Sobre a entrevista da ministra Ana de Hollanda no Estado de São Paulo.

Acabei agora de ler a entrevista com a ministra Ana Hollanda no Caderno 2 do Estado de São Paulo deste domingo (27/03/2011). Gostei.
Em especial a parte em que ela diz que o problema do Creative Commons é ser definitivo e fica sublinhado que ela é contra cessão definitiva.

Daí... porque não aproveitar e já mandar pra ela uma ideia de cláusula restringindo cessões definitivas em todo material de literatura (tanto em texto e BEM explicitamente na ilustração literária)? E incluo aí os didáticos e científicos, até mesmo porque a informação contida nestes está sempre a ser renovada com os avanços do conhecimento.

Concordam que na literatura (e arte em geral) não se justifica cessão integral?
E que essa deve ser muito bem justificada (eu aceito, por exemplo, o que o Monteiro Lobato fez de ceder pra editora Brasiliense, foi claramente uma cessão por motivos pessoais e não simplesmente econômicos). 

Concordam que cessão integral só é justificada no âmbito da publicidade (que é a da propriedade industrial)? Pois se referem à identidade de produto e marcas e patentes?

Creio que seria uma contribuição importante.
E , na medida em que já cravaram uma vitória pros escritores do mercado editorial (isto é: proibindo cessão em contratos de edição), porque não colocar mais claro o mesmo benefício pros ilustradores de livros?

quarta-feira, março 23, 2011

No ABZ do Ziraldo

Lá fomos nós!

 



Flávia Savary, Braz e eu.

Com o Zira... que lembrou de quando nos conhecemos, eu com 17 anos (acho que menos), pasta de desenhos sob o braço. Meu primeiro roteiro foi publicado no Almanaque do Menino Maluquinho nº1, época do estúdio Zappin, no Cosme Velho - Rio de Janeiro.

segunda-feira, março 21, 2011

Outra, contra o AUTORES, no ESTADÃO:



(Publicada pela Editora do Brasil em 2011
no livro "Nem Sempre nem Nunca Mais",
escrito por Maria da Glória Castro)


Sou artista, autora, sustento sozinha minha família com o que ganho graça unicamente à Lei Brasileira dos Direitos 


Autorais. Sem ela, os editores comprariam meu trabalho pelo peso do papel e não duraria 3 anos a minha carreira. 


A liberação que é proposta na alteração da lei é mal formulada, ambigüa e não vai só favorecer setores carentes (o que queremos) mas também grupos multinacionais e piratas que SEMPRE estão a lucrar, e muito, com downloads de nosso trabalho. 


Tenho uma colega cujo livro , só em downloads ilegais, já rendeu ao pirata 10 vezes o número de exemplares vendidos legalmente. Por que você acha justo que o pirata enriqueça com o material que ela produziu, a custo de tempo, pesquisa, ainda mais comprometendo todo o investimento da editora que confiou no talento dela (e NÃO fica com a maior parte do dinheiro arrecadado mesmo legalmente)... por que você acha "certo" que o pirata arrecade um bom dinheiro com os banners e inscrições em seus sites de download, e que ela não ganhe NADA com isso? O CERTO não seria ele repassar uma parte para ela (e para todo artista cuja arte lhe renda lucro sucessivos)? 


DEMOCRATICO e POPULAR não seria qualquer rapaz e moça de qualquer periferia do mundo saber que se investir seu tempo e talento num trabalho criativo ele será remunerado numa proporção justa ao que está rendendo? 


OS DIREITOS DO AUTOR É A ÚNICA FERRAMENTA QUE TEMOS PRA GARANTIR NOSSA SUBSISTÊNCIA. 


Sem eles, que não for filho de papai rico, ou serviente ao sistema, simplesmente terá de mudar de profissão. Se não curtem o sistema, o mudem! Mas tirar nossos benefícios, nos alienando dos lucros que só crescem na Internet, não é sequer inteligente! 


Me assusta a ingenuidade , que beira a loucura, dos jornalistas que colocam a questão como se fosse um duelo entre músicos e ECAD, esquecendo que na base de tudo estão TODOS os autores, o elo mais fraco da corrente! Minha única garantia é a Lei dos Direitos Autorais, que foi conseguida com muita batalha, levando décadas pra chegar no ponto atual, e que exige alguma mudança, está apenas e re-equilibrar melhor o poder do capital x autor, melhorando mecanismos que impeçam contratos leoninos.


Quem assassina, digo, assina na coluna é Por Tatiana de Mello Dias e Rafael Cabral, do ESTADÃO.

ARQUIVO DE ARTIGOS ETC: JOÃO UBALDO RIBEIRO Vivendo de brisa


(Arte publicada em 2011 pela Editora Autores Associados
no livro "História de uma Viagem para se Encantar", 
do escritor Alexsandro Silva)


ARQUIVO DE ARTIGOS ETC: JOÃO UBALDO RIBEIRO Vivendo de brisa: "O GLOBO - 20/03/11Penso em aproveitar minha condição de baiano e montar uns shows casadinhosCostuma-se pensar que artistas de modo..."

sexta-feira, março 18, 2011

Arte: quem decide é o público.

(Estudo para capa. Obra publicada pela Editora Geração, em 2011)



Quem (ou o quê) afinal é o vilão na falta de acesso a arte por parte do público em geral? Nós (artistas) queremos, ó óbvio, que o acesso seja total!

Numa resposta a um blogueiro, eu tentei mostrar que a culpa pelo preço e dificuldade de acesso nunca é do autor. Mesmo casos extremos, onde algum herdeiro não libera a obra, é algo raríssimo, e só chama a atenção quando é com algum famoso. Aqui no Brasil lembro de dois casos: Cartola e Monteiro Lobato.

O caso do Lobato, só deu a confusão que deu, porque o próprio Lobato quis que toda sua obra ficasse cedida integralmente à Editora Brasiliense. Não previra que assim conseguiria o oposto do que queria! A Editora foi comprada, a família já não queria concordar com os tratamentos dados...

No meu limitadíssimo ponto de vista, me parece que o alto custo do acesso está no preço das estruturas necessárias pra levar a arte ao público. No caso da Internet essa estrutura é a tecnologia montada pra que o usuário acesse a rede. Esse custo é alto, se o usuário tiver de pagar o provedor, a linha telefônica, o minimodem...

Em shows, peças de teatro, cinema, o custo é a estrutura, os profissionais contratados. 
E no caso dos livros... esse já poderia ser resolvido já!

Já devem ter visto aqui na lista eu e outras pessoas denunciando que no preço que você paga em um livro - chamado preço de capa - o custo do autor não passa de 10%. Pode até ser menor, visto que vai depender unicamente do acordo entre autor e investidor (o editor).

Os outros 90% são engolidos por custo de editoração (uns 20%), gráfica (uns 50%) e distribuição e venda (40%).

Esses 40% ficam pra livraria (que às vezes dividem com distribuidor) sem que ela precise arriscar nenhum capital. Se o livro não vende, ela devolve o produto e quem engole sozinho o prejuízo é o editor. A gráfica já está paga e o autor pode simplesmente esperar acabar o contrato e levar o texto/imagem pra outro editor.

Em grande redes é "normal" que a parte do livreiro seja de 70% a 80%. Repito: sem o menor risco! Isso é uma aberração dentro do sistema capitalista. A parte maior deve sempre ficar com que assume o maior risco! No caso o editor. 

O correto seria o editor ter pelo menos 50% na mão. Isso, e apenas isso já baratearia o preço do livro.

O livro fica caro porque o editor tem de recuperar com o mínimo de vendas o seu investimento! Isso também impede que os editores possam dar adiantamentos aos escritores, que dificilmente conseguem se dedicar a sua arte sem ter um emprego paralelo. Menor dedicação, menor qualidade. Bolsas prêmios quebram o galho mas são uma ajuda limitada e contaminada pelo gosto do juri.

O que baratearia o livro já está à nossa disposição:

- venda direta;
- parceria com livraria onde a parte seria de no máximo 30% pro revendedor;
- ebooks (quando possível, economiza os 30% da impressão).
- mais compradores, tiragem/downloads maiores! Isso então, pode colocar o valor em até um décimo do original! Ou seja: quanto maior o acesso do público, mais barato fica!


Entretanto, vimos a acesso a Internet (paga) crescer exponencialmente e os valores dos provedores continuarem altos!


Reestruturar esse mercado ajudaria a reduzir custos. 
Não simpatizo muito com patrocínios diretos intermediados pelo governo, porque temo que vire arte panfletária. E a liberdade artística é essencial pra cidadania.

Melhor, e certo, é que o público pague pouco (o preço justo) e PRINCIPALMENTE que o público tenha salários dignos, que o tornem livre pra escolher no quê quer gastar o dinheiro!

Reduzir a desigualdade social aqui no Brasil é essencial se queremos avançar. Mas não há vontade política para tal.

Abs,
Thais Linhares

quarta-feira, março 16, 2011

Mais um CONTRA os autores



– Eu vivo disso, por quê? Algum problema?



Resposta ao blog do Bruno, que deprecia Ana Hollanda em:



Bruno, deixe-me colocar aqui a observação de uma autora que sustenta sua família unicamente com base nos meus ganhos com direitos autorais pelo uso da obras que eu crio.

Não há o menor sentido no que colocou. 
As novas tecnologias, finalmente, trouxe a oportunidade não só de nos divulgarmos e lucrar diretamente com nossa arte, como foi responsável pela criação de uma grande rede de contatos que usamos pra orientar autores de todo o país em como elaborar bons contratos. 
em minha área, as mudanças a favor do autor foram radicais, com reflexo imediatos na qualidade das relações com editores.
Sabe quanto o autor ganha na capa de um livro? 10%, e se não pudermos contar com a proteção da lei..? Será 0%.
Isso ocorre porque as livrarias ficam com 50% até 80% do valor! E sequer participam do risco. Quem mais arrisca é o editor, que investe capital e know-how, e se o livro não vende, engole o prejuízo.
Com a pirataria na rede, vi livro de amiga minha se downloadeado em mais de 5.000 exemplares, que é maior do que a tiragem usual de um livro. Resultado: o editor não quer mais re-editar! Pra que?
O problema não é com a Lei dos DAs, que não é a mais draconiana do mundo, e só não teve sucesso (no passado) em proteger melhor o autor porque vivíamos o isolamento típico do criador e a ignorância de nossos próprios direitos! Foi apenas nos últimos anos que começamos a criar jurisprudência em conseguir anulação de contratos leoninos. E se a uns 10 anos atrás um escritor ou ilustrador que peitasse um contrato leonino ficava "queimado no mercado", hoje, inverteu-se a situação. Agora o difícil é achar uma editora que não procure elaborar contratos justos e atraentes! Tudo graças a um trabalho exaustivo de conscientização e união dos próprios autores.
Três, agora grandes, associações só de autores, orientam gratuitamente os novatos, pra que iniciem seu relacionamento com o mercado. Isso já alterou até mesmo nossos critérios de qualidade, dando um verdadeiro empurrão em direção a uma produção de excelência na cultura!
Ainda quanto a questão dos 70 anos pros herdeiros... Entenda que outros patrimônios de natureza igualmente lucrativas... não caem em domínio público JAMAIS!!! Meus filhos, se tiverem sorte e souberem investir em reeditar minhas artes, poderão por 70 anos receber. Tenho cuidado bem de meus contratos pra garantir que eles tenham essa benesse, e não algum banco de imagens malandro. Depois, eles perdem esse direito que vira patrimônio da humanidade. Esse tipo de benefício ao público SÓ OCORRE COM OS DIREITOS AUTORAIS E PATENTES! E essa é a herança que deixarei, daquilo que eu fiz na solidão do meu ateliê, aos meus filhos. Em meu caso, que não sou famosa, apenas migalhas. Mas... se todo mundo quer ganhar com minha arte... porque não minha família? 
Cuidado ao jogar num mesmo saco, todos os tipos de arte. Cada campo há um processo diferente! Não tenho nada a ver com o ECAD, e acho absurdo que as leis privilegiem o monopolio pra um escritório de arrecadação. Vivo com medo que colegas meus, desavisados, apoiem a criação de mostruosidade similar que arrecada no uso de textos e imagens, como o AUTVIS está tentando fazer! Pra acabar com o ECAD, basta quebrar seu monopolio e só permitindo que administre as obras que ele contratar junto aos autores.
No mercado do livro, o vilão é o custo de colocação de venda... algo que vai mudar! Porque agora qualquer autor e editor pode vender via site! Temos tudo pra melhor isso aí. Imagine comprar um livro onde só se precise pagar os 10% do autor e os 20% do trabalho da editora? Todo livro cairia seu preço pra 1/3 do que é pago. Na verdade, cairia muito mais, porque ao invés de ter de recuperar o investimento em 3.000/5.000 exemplares, a gente estaria vendendo 10.000...50,000... e poderíamos amortizar o nosso custo autor em muitos, e muitos downloads!
Isso tudo irá por água abaixo se cortarem nossos direitos! E NÃO VAI BARATEAR O ACESSO, por que o custo maior desse NÃO Ë REFERENTE AOS NOSSOS MÏSEROS PORCENTOS! E sim ao custo de uso da tecnologia! Não se iluda! Nada que vem pela Internet é gratuito, paga-se em algum ponto da corrente. E rompeu-se o elo mais fraco e justo o de menor participação, OS AUTORES!


PS.

Sabe porque a pirataria é crime?

Por que é injusto que sicrano e beltrano ganhe com a obra do autor sem sequer lhe repasser os tostões que cobririam o custo de criação.

Não culpem os autores pelas insatisfações com aqueles que vieram lucrando com nosso trabalho. Mude-se o sistema para que os intermediários não prejudiquem nem público nem criador. Vocês estão indo no pescoço mais frágil, porque é mais fácil.

As majors lidam com lucro, com capital. Se não puderem mais ganhar dinheiro explorando a arte, simplesmente irão investir em outro lugar... na tecnologia de rede por exemplo, onde continuarão a ganhar com o conteúdo dos artistas... mas agora sem pagar nada!

Se quer combater o "inimigo" deve-se tentar pensar com a cabeça do inimigo... mas antes de tudo, saber indentificá-lo corretamente. 
Não somos nós os autores (em nosso direito autoral) a prejudicar ninguém!

segunda-feira, março 14, 2011

Direitos autorais: esta NÃO é uma luta do Ecad contra o Creative Commons! Por Leo Cunha.


(Estudo de cor para a obra "O Pequeno Filósofo" de Gabriel Chalita,
publicada pela Editora Globo em 2011).



by Leo Cunha on Sunday, March 13, 2011 at 1:35pm em sua página do FaceBook:

Neste fim de semana eu li muitos textos de blogs, sites, twitters e facebooks sobre a questão dos direitos autorais.

O que me deixou mais impressionado é que tudo parece se resumir, de forma simplista, a uma guerra entre duas turmas: a turma do ECAD e a turma do Creative Commons (incluindo os chamados "blogueiros progressistas").

Isto me parece um erro enorme de percepção. Claro, estas duas "turmas" são mesmo as mais proeminentes, mas não são os únicos "jogadores" em campo.

Como escritor de literatura infantil, há 20 anos, e membro fundador da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (AEI-LIJ), há mais de 10 anos, eu acho importante deixar claro que, fora do Ecad e para além dele, há vários outros setores da classe artística que também têm suas preocupações, opiniões e reivindicações próprias, no que se refere aos Direitos Autorais e à Propriedade Intelectual.

No caso da AEI-LIJ, uma de nossas bandeiras é a recusa ao Parágrafo Único do Artigo 46 (da proposta de mudança da lei dos DAs), por entender que ele fere mortalmente nossos direitos autorais, que afinal são, como temos explicado insistentemente, os nossos direitos trabalhistas.

Entendam: os DAs são a única remuneração dos escritores, são o nosso salário. Não podemos nos dar ao luxo de abrir mão dos nossos DAs (nosso SALÁRIO, repito) para depois compensar fazendo shows ou participando de festivais, por exemplo. Somos diferentes, neste sentido, de uma banda de rock ou de um curta-metragista, para quem os DAs podem ser, muitas vezes, algo secundário.

É muito comum eu (e muitos escritores) encontrar sites que publicam o PDF gratuito de um livro meu e ver que estes sites ganham dinheiro com banners ou patrocínios diversos.

O site vai argumentar que está simplesmente "disponibilizando" ou "compartilhando" o arquivo, termos muito simpáticos, modernos e politicamente corretos. Mas, para mim, o que este site faz é "publicar" meu livro sem me pagar direitos autorais. É "vender" meu livro (pois mesmo que seja gratuito, o site ganha a parte dele e não me repassa a minha parte).

Quero deixar claro que não me importo que algum site ou blog reproduza qualquer texto meu, DESDE que não lucre em cima disso.

Então, por favor, não venham dizer que sou contra o compartilhamento, contra a democracia virtual, contra a inteligência coletiva, ou algo parecido. Sou a favor de tudo isso, desde que ninguém ganhe nada, ou, melhor ainda, desde que cada um ganhe a sua parte.

Abraços,
Leo Cunha

ESTE TEXTO É LIBERADO PRA REPRODUÇÃO



(Arte que criei para o card-game Peleja ® de minha autoria.
Pode baixar, imprimir e usar. Liberado pra uso não comercial,
recreativo e educativo. Pode reproduzir em seu blog também.
No site www.yagarape-books.com você encontra as outras cartas)



Se existe um mérito nesta questão dos Direitos Autorais com certeza é a oportunidade de esclarecer juntos aos ignorantes do assunto, a natureza do trabalho autoral.

Numa réplica ao que escrevi anteriormente, certa pessoa colocou que pirataria não é crime porque "não tira pedaço" da obra original. Com base neste mesmo raciocínio então poderíamos requerer que os médicos, massagistas, professores, também trabalhassem de graça. Se bem que no caso dos professores, pra vergonha do país, já seja praticamente assim.

Ele entrega sua total ignorância sobre a natureza do trabalho autoral. Nós, artistas, não somos remunerados no ato de produção, como ocorre com outras atividades humanas. Somos remunerados quando alguém lucra, de forma direta ou indireta, com o que produzimos.
E para que se lucre com o que produzimos, tudo que é pedido é que se entre em acordo com o artista e que se respeite os direitos morais do criador. Neste acordo, cabe inclusive, a publicação gratuita, e é comum os artistas doarem obras e cachês para caridade.

Na Internet, como em qualquer mídia, arte é consumida em troca de capital. O porém é que este capital não esta sendo repassado na parte de direito de quem criou a arte. A Lei dos Direitos Autorais brasileira, não foi criada para prejudicar a difusão da arte! Um contrasenso que nenhum autor jamais apoiaria. Ela foi elaborada para garantir que os autores possam continuar produzindo, cada vez mais e com melhor qualidade.

A Internet nos trouxe duas grandes oportunidades: 

1- Agora todo autor pode optar por dispor diretamente sua arte ao público, e também receber por isso sem intermediários. Produtores, editores, livreiros, mais que tudo, são de fato parceiros dos autores, já que não há mais como se valer do isolamento do autor pra impor contratos desleais;

2- Nunca houve tanta facilidade de acesso, e com ela, o lucro que o autor pode receber pelo que faz é centenas de vezes maior. Um menino pobre, na periferia de Caxias ou Bombai, pode usar da Internet pra ficar famoso em dias e garantir o seu sustento e colocação no contexto da cultural mundial! Estamos falando de dimensões planetárias aqui. É tanto dinheiro, que estão a querer modificar uma lei, só pra garantir não ter que dividí-lo com quem é de direito, quem é a ponta que sustenta a criação!

Não acho que seja por acaso, que justo quando os autores começam a pesar mais o lado na balança, que estejam querendo roer nossa corda! 

O que é mais difícil de entender é que usuários desavisados, que parecem apenas interessados em baixar gratuitamente os hits do momento, apoiem iniciativas demagógicas, que por princípio irão desestimular a criação artística! Qual a lógica disso, a não ser a de que quem tem mais dinheiro, faz melhor sua propaganda e assim convence o público que os artistas são inimigos de si mesmos, não querendo embarcar na oportunidade de ouro da grande rede mundial.

Use a cabeça usuário. Ninguém quer diminuir o seu acesso. Nós, autores da arte que você curte, estamos a ser novamente explorados. Estamos do seu lado, não contra você. 


Thais Linhares – AEILIJ , ABIPRO, ABCA.
http://thaislinhares.blogspot.com

EM TEMPO:

Eu, Thais Linhares, autora de imagens, textos, libero esta mensagem para reprodução por quem desejar divulga-la, de forma gratuita - a única restrição é citar a fonte, o contexto, a data e não alterar, nem suprimindo ou adicionando, o seu conteúdo.

AUTORES, INTERNET e DIREITOS AUTORAIS

(Ex-libris criado pra amiga Vanessa Lampert em 2011)



O Leo continua levantando pontos importantes sobre a questão de nossos direitos de autor.
Resumi aqui algumas colocações dele. O que é importante pra desarmar os apedeutas que acham de autor é contra a difusão de sua própria arte. Ainda não entenderam que difusão é publicação. E o que queremos é ganhar nossa parte, o que é o certo pra todos que trabalham neste país. Abaixo



1 - Que fique claro que nós autores:

- NÃO QUEREMOS CRIMINALIZAR A INTERNET. 

- NÃO QUEREMOS PERSEGUIR NEM PRENDER USUARIOS ISOLADOS DA INTERNET QUE FAZEM DOWNLOAD DE NOSSAS OBRAS. 


- Não queremos acabar com o anonimato de quem faz os downloads, não queremos registrar os nomes, idades, IPS, nada disso. 

2 - Nossa luta, pelo contrário, deve focar a outra ponta. Não atacar nem cobrar de quem baixa os livros (mesmo porque são milhares, milhões), mas de quem disponibiliza os livros (que são algumas dezenas, talvez). Principalmente os SITES que disponibilizam (ou "compartilham" ) os livros sistematicamente e gratuitamente embora recebam por isso de uma destas formas:

- Banners publicitários
- Patrocínios diversos
- Assinatura

Se eles podem lucrar (por algum destes meios citados acima), porque não dividem os lucros? Mesmo se a parte do autor for mínima, é justa.

3 - Contra o argumento muito comum de que não há como controlar estes sites e os downloads, podemos argumentar que:
- Estes sites têm estrutura suficiente para se viabilizar como negócios, para publicar centenas de livros, para controlar as assinaturas. Se conseguem se estruturar para fazer tudo isso, por que seria impossível controlar as obras que foram baixadas?

4 - NÃO SOMOS INFLEXÍVEIS E DEFENDEMOS O DIÁLOGO ENTRE AS PARTES.


Se alguém ainda quiser entrar lá e opinar, será bem vindo, no
http://www.facebook .com/notes/ leo-cunha/ direitos- autorais- esta-n%C3% 83o-%C3%A9- uma-luta- do-ecad-contra- o-creative- commons/16078572 7308206 



(Leo Cunha)

sábado, março 12, 2011

Palavra, sábia palavra, do Leo Cunha, sobre direitos autorais.


(Aquarela publicada pela Editora Nova Fronteira, no livro
"O Tesouro das Virtudes para Crianças - 3", de
Ana Maria Machado. Autora da imagem: Thais Linhares).


Emir Sader e os Direitos Autorais - por Leo Cunha.

O Emir Sader, que eu sempre considerei um cara lúcido, me soltou essa bobagem:   "a elite tem medo dos artistas e da sua criatividade sem cânones dogmáticos e sem pensar no dinheirinho dos direitos de autor, mas na liberdade de expressão e na cultura como um bem comum."   Que papo é esse, Emir? Em que emirado você está vivendo? Quem defende os direitos autorais não é nenhuma elite, são milhares de escritores e ilustradores (no caso do livros, e milhares de compositores, no caso da música, etc).    Nosso TRABALHO é criar prosa e poesia e ilustrações e merecemos  remuneração por este TRABALHO. Os direitos autorais são o nosso pagamento, o nosso salário. Não somos representantes de nenhuma elite nem nenhum grande conglomerado. Aliás, nosso grande inimigo, nesta luta em torno dos direitos autorais, é uma pequena empresa chamada Google.   Peço licença para me usar como exemplo. Eu escrevo livros infanto-juvenis há 20 anos. Me preparei para tanto há mais tempo que isso, lendo muuuuuuuito durante toda a minha vida, fazendo traduções, fazendo uma especialização em Literatura Infantil, fazendo um mestrado em ciência da informação, e agora em meio a um doutorado.   Como alguém pode ignorar que isso é o meu TRABALHO? Que eu mereço ser pago pelo meu estudo, meu esforço, minha criação?   Se você está certo em um ponto, é que os direitos autorais são, para a maioria de nós, um "dinheirinho". E muito suado. Cada livro meu que é vendido no mercado (a preços que variam de 15 a 30 reais, geralmente), me rendem de direitos autorais algo entre 1 e 3 reais. Não mais que isso.  Quando há uma compra governamental, os preços caem muito, então os autores recebem algo como 30 ou 40 centavos por livro. Centavos!   Se o livro não vende nada, eu não ganho nada. Se vende bem (o que no Brasil é incomum) eu consigo receber uma remuneração razoável. Como você vê, meu trabalho é de alto risco, ao contrário do trabalho de quem disponibiliza o PDF dos meus livros num site cheio de banners.   Quer dizer então que estes sites cheios de banners (que são pagos, obviamente) estão do lado certo, moderno, avançado, o lado da inteligência coletiva e da democracia cultural?    E eu, que exijo apenas a remuneração pelo meu trabalho, estou do lado errado, do lado do atraso? Estou do lado dos cânones dogmáticos? Só penso "no meu dinheirinho dos direitos autorais"?   Ou será que o atraso é representado por aqueles que querem derrubar este grande avanço que foi a profissionalização do artista. Assim corremos o risco da volta dos velhos mecenas (aristocráticos, religiosos, ideológicos, etc) que permitem, abonam e subvencionam apenas o que lhes interessa pessoalmente.   Repare que eu não sou contra qualquer autor disponibilizar o que quiser na internet. Eu mesmo publico, frequentemente,  poemas inéditos na minha página do Twitter. O que eu não posso admitir (e esta posição é unânime na AEI-LIJ - Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil) é que alguém - especialmente alguém com a inteligência e preparo de um Emir Sader – venha nos negar a remuneração por nosso TRABALHO.   
Atenciosamente,  Leo Cunha
By: Leo Cunha (in Facebook, reproduzido com permissão do autor, como deve ser!)

quinta-feira, março 10, 2011

CARTA DE APOIO À MINISTRA ANA HOLLANDA


Rio de Janeiro, 09 de março de 2011.


Exma Ministra da Cultura

Sra. Ana de Hollanda,

Ilma. Ministra,

Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (AEILIJ) vem manifestar total apoio às declarações de V. Exa. sobre as mudanças na Lei de Direitos Autorais.

A posição adotada por esta Administração traz grande alento aos autores que, finalmente, veem o MinC preocupar-se em respeitar os direitos dos autores de obras artísticas e intelectuais. A orientação política delineada por V. Exa. vem ao encontro das demandas que apresentamos ao v. antecessor, e divulgadas em nossas publicações e cartas há muito tempo.

A AEILIJ tem participado da Câmara Setorial do Livro, Leitura e Literatura por alguns anos e em diversas ações do MinC. Em 2010 publicamos na edição nº 14 de nosso boletim uma entrevista com Marcos Alves de Souza, da Diretoria de Direitos Intelectuais do MinC, que nos garantiu que nenhuma cláusula lesiva aos direitos dos autores passaria no anteprojeto de Lei. Como pudemos constatar, não foi bem isso o que aconteceu. O parágrafo único do artigo 46 da minuta proposta pela antiga gestão do MinC, por exemplo, fere todos os nossos direitos ao permitir o uso quase ilimitado do nosso trabalho sem autorização e remuneração.

Tornamos público nosso apoio e colaboração à corajosa iniciativa de V. Exa., na certeza de que defendemos a sobrevivência artística e profissional dos autores que representamos, assim como à democratização da Literatura no Brasil.

Atenciosamente,

Anna Claudia Ramos

Presidente da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil


www.aeilij.org.br