sexta-feira, abril 01, 2011

Clayton Melo ataca autores no site do Ministério das Relações Exteriores.

Sr. Clayton Melo, Deixe-me colocar aqui a observação de uma autora que sustenta sua família unicamente com base nos meus ganhos com direitos autorais pelo uso da obras que eu crio. Não há o menor sentido no que colocou. As novas tecnologias trouxeram a oportunidade não só de nos divulgarmos e lucrar diretamente com nossa arte, como foi responsável pela criação de uma grande rede de contatos que usamos pra orientar autores de todo o país em como elaborar bons contratos. Em minha área, as mudanças a favor do autor foram radicais, com reflexo imediatos na qualidade das relações com editores. Sabe quanto o autor ganha na capa de um livro? 10%, e se não pudermos contar com a proteção da lei..? Será 0%. Isso ocorre porque as livrarias ficam com 50% até 80% do valor! E sequer participam do risco. Quem mais arrisca é o editor, que investe capital e know-how, e se o livro não vende, engole o prejuízo. Com a pirataria na rede, vi livro de amiga minha ser "downloadeado" em mais de 5.000 exemplares, que é maior do que a tiragem usual de um livro. Resultado: o editor não quer mais re-editar! Pra que? Curioso é perceber que quem baixa os arquivos são professores. Garanto então que melhorar o salário deles iria democratizar a cultura com uma eficiência bem maior. O problema não é com a Lei dos DAs, que não é a mais draconiana do mundo, e só não teve sucesso (no passado) em proteger melhor o autor porque vivíamos o isolamento típico do criador e a ignorância de nossos próprios direitos! Foi apenas nos últimos anos que começamos a criar jurisprudência em conseguir anulação de contratos leoninos. E se a uns 10 anos atrás um escritor ou ilustrador que peitasse um contrato leonino ficava "queimado no mercado", hoje, inverteu-se a situação. Agora o difícil é achar uma editora que não procure elaborar contratos justos e atraentes! Tudo graças a um trabalho exaustivo de conscientização e união dos próprios autores. Três grandes associações só de autores, orientam gratuitamente os novatos, pra que iniciem seu relacionamento com o mercado. Ampliamos o contato direto com o público em ações voluntárias pela democratização da cultura. Isso já alterou até mesmo nossos critérios de qualidade, dando um verdadeiro empurrão em direção a uma produção de excelência na área! Cuidado ao jogar num mesmo saco, todos os tipos de arte. Cada campo há um processo diferente! No mercado do livro, o vilão é o custo de colocação de venda... algo que vai mudar! Porque agora qualquer autor e editor pode vender via site! Temos tudo pra melhorar isso aí. Imagine comprar um livro onde só se precise pagar os 10% do autor e os 20% do trabalho da editora? Todo livro cairia seu preço pra 1/3 do que é pago. Na verdade, cairia muito mais, porque ao invés de ter de recuperar o investimento em 3.000/5.000 exemplares, a gente estaria vendendo 10.000...50,000... e poderíamos amortizar o nosso custo autor em muitos, e muitos downloads! Isso tudo irá por água abaixo se cortarem nossos direitos! E NÃO VAI BARATEAR O ACESSO, por que o custo maior desse NÃO Ë REFERENTE AOS NOSSOS MÏSEROS PORCENTOS! E sim ao custo de uso da tecnologia! Não se iluda! Nada que vem pela Internet é gratuito, paga-se em algum ponto da corrente. E rompeu-se o elo mais fraco e justo o de menor participação, OS AUTORES! Pirataria é crime porque é injusto que sicrano e beltrano ganhe com a obra do autor sem sequer lhe repasser os tostões que cobririam o custo de criação. Não culpem os autores pelas insatisfações com aqueles que vieram lucrando com nosso trabalho. Mude-se o sistema para que os intermediários não prejudiquem nem público nem criador. Vocês estão indo no pescoço mais frágil... porque é mais fácil! As majors lidam com lucro, com capital. Se não puderem mais ganhar dinheiro explorando a arte, simplesmente irão investir em outro lugar... na tecnologia de rede por exemplo, onde continuarão a ganhar com o conteúdo dos artistas... mas agora sem pagar nada! Se quer combater o "inimigo" deve-se tentar pensar com a cabeça do inimigo... mas antes de tudo, saber indentificá-lo corretamente. Não somos nós os autores (em nosso direito autoral) a prejudicar ninguém! As principais associações de autores, em peso, estão do lado de Ana Hollanda. Porque não queremos que, mais uma vez, uma lei seja votada às pressas, sem pesar de forma correta as consequências. Todo autor que ver sua arte chegar ao povo. O estranho, é que se queria liberar o lucro de todos (provedores, anunciante, empresas de tecnologia...) usando nossa arte...mas ao custo da eliminação do provento de nossa categoria. Isso vai contra a lógica mais simples. Sem dinheiro, não poderei mais me dedicar a minha arte. E apenas com os ganhos sobre os direitos de uso de minha arte, os direitos autorais, posso criar livremente, sem a coleira dos interesses dos poderosos.

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