segunda-feira, março 31, 2014

A tarada e a estuprada




Em exibição recente nos cinemas, dois filmes que em comum tinham uma imensa quantidade de mulheres nuas em cenas de sexo.
A mesma carne, nas mesmas práticas ao que a natureza nos moldou.
Uma trepação danada.

O primeiro eu vi em cine de arte, em Botafogo. Arrancou reações horrorizadas da plateia. Houve mulher que se levantasse no meio da sessão para ir embora, tamanho o horror em ver tais corpos assim. Não que houvesse sexo explícito, nem peitolas balançando, ou carnes em choque. Até era sutil, sem closes. Vimos expressões e belíssima fotografia, muito bem dirigida. O uso de metáforas visuais poupavam quem não suporta ver um pênis entrar numa vagina sem ter um tribufunanan.
A história era tocante, profunda e bela. Reveladora da sexualidade feminina, uma obra prima sobre a psiquê humana como só Lars Von Trier sabe destilar. O filme: Ninphomaniaca I.

O segundo eu assisti no blockbuster movie. Exibição nacional, atores caros. Neste o diretor abusou do cafona e pornográfico. Peitolas pra todo lado. Machos enfurecidos a enrabar pin-ups carnudas. Um toque especial na baixaria era o fato de que todos estavam bêbados ou drogados – enquanto fodiam prostitutas e clientes investidores. O filme foi louvado, ninguém se chocou. Era "O Lobo de Wall Street", mais um filme porralouquice do Scorcese.

Chocada fiquei eu.

Por que o segundo filme é bem aceito, com dezenas de cenas onde mulheres são humilhadas e tratadas como lixo, e o primeiro não?

Não muito diferente é o que está acontecendo esta semana, com o lançamento da campanha "Eu não mereço ser estuprada". 

A turma está indignada com a "nudez" das mulheres. A ideia da campanha é começar um importante debate para abalar com o machismo da sociedade brasileira. Ela vem em resposta a uma pesquisa do IPEA que aponta 68% dos brasileiros culpando a vítima do estupro como causadora indireta da violência bárbara a que foi submetida.

Esse fato em si já era o suficiente para abafar o impacto de qualquer nudez engajada, tamanho é o absurdo de tal afirmação.

Segundo mais da metade do povo brasileiro, se uma mulher usa roupa "provocante" ela está instigando o agressor e de certa forma justificando o horror que este monstro fizer com ela.

Esta é uma resposta doentia, resultado do machismo arraigado em nossa cultura. Mulher é sempre culpada, desde Eva. Agradecimentos à culura judaico-cristã e demais religiões misóginas do planeta.

A sexualidade feminina é um tabu. Ela não pode jamais ser expressada ou ao menos insinuada, seja em um decotinho, ou mini saia. Já os homens… Esses tem praticamente a obrigação de trepar em qualquer coisa que se mexa.

Mulher é coisa, homem é bicho.

A turminha está indignada porque na campanha ficou combinado que as mulheres posariam com um cartaz diante do corpo nu, com os dizerem: Eu não mereço ser estuprada. 


Todas as fotos que vi até agora foram extremamente pudicas. O cartaz cobre os seios, nada de púbis ou mamilos a mostra. Muitas lembram fotos artísticas que correm na internet e que costumam receber elogios.

Os homens, em geral, estão recebendo bem. 
Não fazem piadinhas, não ficam "babando" as imagens (que são belas, sim, desejaveis, mas jamais estupráveis!). 

A maioria dos rapazes e senhores apoiam e se solidarizam. 
Eles não são bichos e querem ver suas amigas, esposas, irmãs, filhas, seguras para viverem suas vidas sem ameaças de nenhum tipo. 

Eles são homens, nunca tiveram suas vestes relacionadas a nenhuma ameaça de violência sexual. Vivenciam sua sexualidade com liberdade e são louvados por isso. Sabem o que é certo para uma pessoa viver bem e livre. Entendem o que essas mulheres querem com a campanha.

Mas o que não faltou foram meninas e mocinhas achando uma "apelação", "um absurdo" a nudez das protestantes.

Lembrando:

Não é nudez explícita, é velada;

Não é de nenhuma forma mais chocante do que imagens de posts artísticos;

Posts com heroínas de HQs, pin-ups, e outras feitas especialmente para o público masculino são muito mais "agressivas" e ninguém fala nada!

E, principalmente:

O objetivo da campanha é justamente para atingir estas pessoas que tem esse tipo de mentalidade e fazê-las repensar o porquê delas julgarem de forma tão venenosa as mulheres que vivenciam sua sexualidade de forma adulta e autônoma.

Essas que ficaram horrorizadas com as fotos, são do mesmo time das mulheres que se levantaram e saíram no meio do filme Ninphomaniaca. Não conseguem aceitar que a mulher seja dona de seu desejo e de seu corpo. Que a mulher seja legítima e autônoma, sem estar submetida como um objeto sem direito de decisão, nem submetida a regras castradoras.

Ao invés de criticarem, poderia aproveitar o momento para gritar bem alto: Ninguém merece ser estuprado. Esteja como for, com ou sem roupa. 
E repensar o porque uma mulher livre, feliz e dona do próprio corpo lhe parece tão "errado".

Essa campanha é justamente para você, que mesmo sem perceber, condena a mulher e se coloca entre os 68% dos brasileiros que culpam a vítima.


sexta-feira, março 28, 2014

Ron Mueck



O artista plástico australiano Ron Mueck tem suas obras apresentadas ao público no MAM do Rio de Janeiro.
Confere, ainda este mês.
É pertimitido fotografar, sem flash, e a turma faz a festa.
Aproveita para ver as artes do Benício e Ziraldo no mezzanino – são cartazes dos clássicos da pornochanchada.

Olha as fotos que fiz das obras do Ron:













Editora Cortez comemora seus DEZ anos!

E presenteia a cada um de seus autores com lindas almofadas-capas.

Está é a do livro que ilustrei: "O Pano de Boca" – da querida amiga e grande autora Sandra Pina.




No livro tem um gato, no gato tem um livro!

Tita também curte um boa leitura entre suas sonecas e banhos.

Obrigada à equipe Cortez, obrigada querido editor Amir, é sempre um prazer trabalhar com vocês.


quinta-feira, março 20, 2014

Entrevista na Rádio MEC AM - tema: literatura fantástica

Luiz Antonio Aguiar, Rosa Amanda Strausz, 
eu e o Cadu Freitas no estúdio da Rádio MEC AM.


No "Atualidades" de hoje. Você gosta de Literatura de Fantasia?

O termo abrange trabalhos de escritores, artistas e músicos, desde mitos e lendas até obras mais recentes, conhecidas por uma vasta audiência. Que o diga os sucessos de Jornada nas Estrelas, Harry Potter, Saga Crepúsculo etc. Em recente pesquisa, esse sucesso acontece em bibliotecas públicas em várias regiões, incentivando o gosto pela leitura. Mas existe preconceito sobre o tema?
Convidados:
Thaís Linhares - escritora, ilustradora, quadrinista e especialista em literatura de fantasia;
Rosa Amanda Strausz - jornalista e escritora
Luiz Antônio Aguiar - escritor e mestre em literatura brasileira pela (PUC-RIO)
APRESENTAÇÃO: CADU FREITAS
TÉCNICA: MARCOS INÁCIO
PRODUÇÃO: MARCOS LEITE
COORDENAÇÃO GERAL: LIARA AVELLAR

Ouça no LINK!