Sobre o levantamento de custos da produção de arte, é essencial pois, independente da polêmica que sempre se levanta quanto às tabelas, é preciso "educar" tanto os profissionais quanto os clientes sobre os valores realistas.
Uma amiga minha desabafou outro dia, ela está tendo um tempo difícil com um cliente que acha que "é facinho" fazer alterações sucessivas nas 25 camadas das inúmeras imagens criadas para ilustrar um livro-imagem. Ele não compreende o processo cumprido até a finalização dos traços, das cores, da composição equilibrada... e que a cada pequena alteração num ponto, é preciso modificar toda a imagem, e que isso leva horas e horas, que viram dias, a cada "mexidinha".
Ela perguntou aos amigos porque o cliente acha normal pagar pelas imagens menos do que uma prostituta recebe por programa.
A resposta veio rápida e precisa:
Porque as prostitutas são organizadas e TEM TABELA!
Já temos o Guia do Ilustrador e a ABIPRO, nossa associação de ilustradores profissionais. Com essa noção realista de custos, avançaremos mais um passo pra nossa maior profissionalização.
Mais uma a favor da pesquisa de valores:
No Facebook, um amigo leigo em assuntos de direitos autorais, veio com a velhíssima ladainha de que "a arte não tem preço" e que o artista não deveria se preocupar com coisas mundanas como dinheiro.
Bem... o artista precisa comer e pagar contas como todo mundo, logo, ele É MUNDANO. E vou colocar uma pedra sobre esse tipo de argumento surreal de uma vez por todas com o seguinte:
Nossa produção tem DOIS lados.
Um é o artístico, pessoal e criativo. Deste, só nós podemos avaliar e cuidar.
Isso é "divino".
O outro é o COMERCIAL. Que é vinculado ao mercado e ao USO que é feito de nossas criações. A partir do momento que alguém pega algo que foi gerado através de nosso trabalho e talento e passa a GANHAR com isso, é nosso DIREITO LEGAL participar deste ganho de alguma maneira.
Isso é mundano.
Todas as ilustrações seguem esse esquema. Algumas são mais pessoais (seus personagens de tira de humor) , outras menos (um mordomo em um rótulo de papel higiênico). Mas, mesmo as mais pessoais, em determinado momento podem ser exploradas pelo mercado, e então é seu DIREITO LEGAL participar deste lucro.
E chega desta gente achar bonitinho artista morrendo de fome "em nome da arte" enquanto o mundo roda e faz dinheiro usando nossos "dons divinos"!
PS. Comparem as biografias de Van Gogh com Salvador Dali.
PS2. Cuidado com a pretensas "Tabelas" que se proclamam a solução para a precificação do uso de suas artes. Não existe tabelamento de trabalho autoral. E cada trabalho novo será negociado de acordo com os parâmetros do mesmo. No máximo, pode-se montar uma tabela pessoal, com valores de referência, bem embasados em sua prática profissional e nas expectativas de seu mercado.
Boa sorte e juízo!
Um comentário:
oi Thais, sou nova no mercado de ilustração, mas desenho desde que larguei a mamadeira e peguei um lápis. Essa desvalorização do artista é irritante e frustrante, como se uma ilustração, uma criação artistica eu diria, simplesmente brotasse no papel, simples assim... é a mesma coisa onde se lida com criação/criatividade, ainda temos muita gente que acha que é só fazer "um desenhinho desses facinho aí..." seja em ilustração, seja em design, seja em publicidade, (nos dois últimos tenho experiencia de sobra) as pessoas não se dão conta que a gente que cria trabalha sim, e muito!
adorei seus blogs, suas ilustras e suas dicas! abração!!!
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