quinta-feira, junho 25, 2009
Contrato de Ilustração -1
Faz tempo que procuro fazer meu dever de casa no referente a forma como
os direitos autorais dos ilustradores são tratados pelos editores.
Diferentes editores têm diferentes posturas, o que é ótimo!
Temos variedade, podemos transitar entre as casas editoriais e com o
tempo, e competência, procurar estabelecer parcerias produtivas com
aqueles que praticam contratos justos, remuneração pertinente e
espaço para desenvolvimento técnico e criatividade.
A infelicidade é que o perfil de maus contratantes é o mesmo dos
maiores conglomerados editoriais comerciais, onde o sucesso como
capitalista é prioridade absoluta!
Uma das práticas "comerciais" destes, é extrair o máximo do
ilustrador oferencendo o mínimo (em todos os sentidos: maus
contratos, mau pagamento, péssimo ambiente criativo).
Em vista disso, o ilustrador brasileiro deveria receber o prêmio de
melhor do mundo! Com tantas dificuldades e ainda conseguem produzir
material tão belo!
Pensando em dinheiro: imagine duas empresas.
Na primeira, vemos empregados batendo o ponto, salários achatados,
centenas de horas extras acumuladas sem a devida remuneração, a total
falta de reconhecimento à importancia do trabalho deles.
Os editores que mantém uma postura exploratória com seus ilustradores
(e às vezes de quebra com seus escritores e designers também!) são
como essa primeira empresa. Os autores são alienados de sua obra...
São desestimulados a exercer seu máximo potencial criativo! Uma vez
lançado o livro... tchau! Assina o contrato e bico calado senão não é
mais chamado!!! Vai para a "geladeira" (como vejo acontecer com alguns colegas meus).
Agora imagine outra empresa, onde não temos funcionários... mas
pequenos cotistas, uma grande sociedade onde o "patrão" investe seu
capital e habilidade de mercado e os contratados investem seu talento,
recebendo participação nos lucros, sendo reconhecidos, com
oportunidade de crescimento... Esse é o comportamento do editor que
valoriza, investe e promove seus autores - incluindo nestes os
ilustradores! Aliás... isto está lá no texto da Lei dos Direitos
Autorais, criadas exatamente neste espírito de promover e proteger a
produção autoral brasileira. Todo editor que se comporte de forma
diferente desta estará em desarmonia com estes princípios (constitucionais).
Como isso afeta a qualidade da ilustração brasileira?
Imagine um ilustrador que se vê obrigado a trabalhar em quatro, cinco
livros ao mesmo tempo para poder cobrir as despesas, e mesmo que esse
livro renda de 20 a 100 vezes o investimento inicial, ele
jamais verá um centavo disso! Logo, no mês seguinte, lá estará ele,
se desesperando para conseguir outros cinco free-las, aceitando
qualquer valor, qualquer tipo de acordo mesquinho, pois senão não tem
comida na mesa. Pareço dramática? Infelizmente não estou exagerando,
este é o perfil de um grande número de artistas, muitos deles
veteranos com mais de 20, 30 anos de ilustração. Basta comparecer a
uma reunião de ilustradores editoriais (como na Cobal Ilustrada, ou o
Papo Ilustrado, ou reuniões da AEILIJ) para ouvir não uma ou duas,
mas uma pá versões desta triste história. Algumas delas contadas por
senhores e senhoras de cabelos brancos.
Entenderam..?
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