quarta-feira, dezembro 31, 2014

Autor também precisa comer


Uma coisa que já incomoda de cara é essa de justificar a apropriação compulsória de nosso trabalho (e ganhos) dizendo "desde que o evento/serviço/culto seja gratuito". Ignora um fato contundente: o tal que faz o evento/serviço/culto ESCOLHEU oferecer seu trabalho de graça, por livre e espontânea vontade. Enquanto ao AUTOR não é dado o direito de escolha! Somos obrigados a contribuir para qualquer evento/serviço/culto... mesmo que discordemos com algo que vá correr ali! Autores são generosos. Mesmo os mais pobres (esse ano passei pendurada em dívidas, enquanto ativamente fazia voluntariado pra diversos movimentos). Ao longo do ano participamos de eventos beneficentes, doamos obras, formamos leitores, sem cobrar nada. Mas somos nós que decidimos quando e onde podemos e queremos fazer isso, pois é nosso trabalho! E se fosse o contrário? Imagine que decido que vou declamar alguns textos meus e faço um evento onde outros profissionais serão obrigados a me ceder seu espaço, seu equipamento de som, espaço para divulgação e publicidade nas rádios/TV/banners do Google/etc, de forma gratuita e compulsória?
Lembrando que no balanço das forças, autores como regra são POBRES, não nadamos em dinheiro. Enquanto que os donos de clubes, IGREJAS, grupos educacionais, rádios, Pirate Bays e empresas de Internet, lucram tsunamis de dinheiro todo ano. Alguns nem pagam impostos. Eu pago 30% de toda migalha que recebo por meus livros e depois fico rolando as dívidas até receber a restituição – que talvez me tire do vermelho.
Como sempre, eles partem do pressuposto que todo mundo tem direito ao seu ganho pelo trabalho honesto. MENOS os autores. Esses que vivam de brisa. Esquecem que quem vive de brisa, se desmancha no vento. Morto de fome!


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