Quanto maior o livreiro, maior o desconto.
Grandes redes, eu vi, cobravam 80% do preço de capa.
Apenas editoras imensas, com muita "cauda longa", conseguiam segurar essa barra. E apenas com títulos de autores consagrados cuja venda de milhares de exemplares garantiria cobrir esse desconto.
Logo, os livreiros não aceitavam editoras pequenas e seus autores desconhecidos.
Só queriam vender os livros que já tinham venda garantida.
E só tinham venda garantida porque já vinham "vendidos e divulgados". E publicidade é algo muito caro.
Editoras grandes, lançam novos autores sim, mas numa escala que parece pequena pra os milhares que querem entrar no mercado. Apenas parece, pois não é pequena não. Editoras médias e pequenas também trazem novos autores, mas sabendo que terão muita dificuldade em distribuir, pois não serão aceitas nas livrarias. Gastam energia que não tem pra divulgar, montar eventos, promover lançamentos.
Hoje, mais que nunca, EXISTE a possibilidade de divulgação e distribuição usando as redes digitais.
EXISTE um cenário TODO promovido por AUTORES INDEPENDENTES que montou rede de saraus e feiras "de tudo" onde possibilidades viram realidades novas e excitantes de uma forma literariamente poética.
O que NÃO EXISTE mais é a estrutura original e engessada que fechava muitas das possibilidades que estamos vendo brotar hoje. QUE BOM!
Comemorei a queda dos monopólios. Eu não tinha acesso a nenhum deles, nem como autora, nem como editora e como leitora frustrada. Só lamentarei as dificuldades daqueles que SEMPRE enfrentaram esses cartéis, estão passando agora, juntos na mesma crise econômica/política, e sem um décimo do capital que giro que na mãos dos gigantes poderia ter servido pra criar novas rodas.
Contudo...
Espero que dentro deste nosso imenso esforço em conjunto pra recriar o mercado e circulação do livro e demais artes, também esteja o cuidado para impedir a formação de novos cartéis, pois já tem uns e outros assombrando a gente aí. Aqui também tem de valer o "ninguém larga a mão de ninguém", no melhor estilo de ser do maravilhoso
João Carpalhau, que antes de nos deixar ensinou que é possível sim fazer BEM feito incluindo a TODAS E TODOS E TODES E TOD@S.
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