quarta-feira, março 27, 2013

Íntegra da entrevista para o Sobrecapa Literal


Abaixo na íntegra a entrevista que concedi ao Alex Gomes na revista Sobrecapa Literal.  






Agora me explique a técnica utilizada. Desde o início.

(Falando da arte apresentada para edição, do dragão com o unicórnio e a cobra) Rabisco tudo no lápis, só para ter ideia da composição.
Na mesa de luz traço em nankim (caneta descartável, 0.4, 0.3, 0.2)
Daí vou detalhando os sombreados. Originalmente é para ser p&B, mas se eu achar necessário jogo a cor, no caso colorindo digitalmente, visto que o papel que usei não suportaria a tinta.
Entretando, e já fiz isto, posso aquarelar se sobrepor o original com um papel apropiado na mesa de luz. 
Eu pinto as cores no papel canson usando o traço apenas como guia.
Depois escaneio as aquarelas e sobreponho o arquivo das cores ao do traço usando o recurso de "camadas"no programa de edição de imagem. Fica super bacana, pois o traço fica só na camada do preto (na separação CYMK) e as cores (magenta, azul e amarelo) não interferem nas linhas, evitando aquele "borrão"quase imperceptível mas que tira a qualidade das cores na hora da impressão no papel. 


Para qual livro é a ilustração? De quem? Qual editora?

Trata-se de um projeto pessoal, que ainda não terminei de escrever.  O nome provisório é "A Trilha Monstruosa". Só alinhavei as passagens principais das histórias, que envolvem os principais seres mitológicos e um casal de crianças numa jornada heróica. Essa técnica super detalhada é muito demorada, não tem como usá-la nos prazos apertados que recebo dos editores. Então eu estou desenvolvendo esse projeto particular para ter a chance de usar este estilo que me encanta muito e raramente posso usar! Já reparei também que este visual tem uma receptividade enorme com as crianças. Mas por conta da complexidade raramente vemos algo assim nas livrarias, apenas em obras importadas. 

Os únicos livros em que pude usar algo assim foram "Eu vi mamãe nascer" (L.Fernando Emediato, ed. Geração), "O Anjo Rebelde"(V. Brustolin, ed. Rovelle) e "O Livro do Cavaleiro" (F. Lir, ed.Ygarapé). É muito pouco! E isso impede que eu possa desenvolver meu potencial máximo. Então para tentar suprimir um pouco essa frustação, precisarei correr por fora.


Quantos livros você tem publicados?  

Como escritora apenas cinco livros. Para quadrinhos tenho duas HQs em álbuns para adultos e uma dúzia de roteiros que foram quadrinizados para as revistas do Menino Maluquinho e Sítio do Picapau Amarelo. Fiz roteiros também para a TV, em "O Quarto do Jobi" uma produção da 2DLab para a TV Brasil. Em cine-animação eu trablahei também na Multirio como cenógrafa no curta "O Saci" da série Juro que Vi.

Quando iniciou a carreira? Qual foi o primeiro? 

Início!

Meu primeiro livro para editora de literatura foi com outros ilustradores em um didático: "Lendo e Aprendendo" da Ao Livro Técnico. Antes disso em já fizeram estampas de RPG (PolePlaying Games) para as camisetas K&E, ilustrações do RPG Tagmar, cartazes de teatro, campanhas, storyboards e personagens para agências de publicidade, design de manuais para empresas como a BR Distribuidora e a Embratel. Depois deste eu já pulei para um livro que me rendeu bastantes elogios e novos trabalhos, foi "O Tesouro das Virtudes para Crianças" da Ana Maria Machado editado pelo Nova Fronteira. E foi aí o início "oficial" da minha carreira, já que antes eu me dividia na faculdade de Astronomia da UFRJ – que não completei. Daí eu não parei mais... e já perdi a conta. Se além dos de literatura contarmos os didáticos, deve passar de uma centena. Junta aí trabalho como produtora gráfica e editora. Estudei no SENAI produção gráfica e design, e fiz na UFRJ o Bacharelado em Gravura – os dois juntos me tornavam uma profissional completa e pronta para trabalhar com o que eu amava: livros!

Alguma premiação?

Prêmios?

Eu não tenho o hábito de participar de concursos. 
Talvez por trauma de infância, já que jamais ganhava estes concursos que os shoppings-centers promovem para as crianças.

Mesmo assim reuni coragem e consegui descolar alguns prêmios que ajudam um pouco a enfeitar meu currículo. Consegui um honroso quinto lugar em um concurso de charges, sétimo lugar na Bienal Internacional de Quadrinhos. Prêmios da FNLIJ: Altamente Recomendável e Acervos Básicos, uma indicação para o Jabuti de Ilustração, algumas vezes selecionada para a BIB – Bienal Internacional de Bratislava. Pegando carona nos livros que ilustrei, entrei algumas vezes no Catálogo FNLIJ de Bologna. Este ano estou entre os cem ilustradores selecionados para o Diccionario de Ilustradores Iberoamericanos da SM e também na mostra de ilustradores FNLIJ do Salão do Livro para Crianças e Jovens de 2013. Tem mais um prêmio que escapa da área de ilustração: prêmio do Edital da Secretaria de Cultura do Estado para Desenvolvimento de Roteiro de Longa Metragem. 
Os meus livros conseguiram por mim prêmios legais também. O "Breno!Breno!" foi adquirido pela Secretaria de Educação de Belo Horizonte - MG, "O Monge e o Macaco" foi adquirido para o programa de bibliotecas itinerantes, "Vovó Dragão" entrou para o PNBE 2007. Mas, são os outros dois títulos: "O Livro do Cavaleiro" e "Américas Assombradas" que as crianças mais gostam, e vem sempre comentar comigo. Ficaria muito feliz se um dia eles também entrassem em algum edital.

Fica aí a mensagem: esqueça o shopping  e vá em frente! Desenhe!

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